Modalidade de canulação de ECMO no suporte intra operatório de transplante pulmonar

Abdalla LG, Nakahira ES, Reis FP, Fernandes LM, Pêgo-Fernandes PM

Disciplina de Cirurgia Torácica – Instituto do Coração(InCor), Hospital das Clinicas HCFMUSP, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo – contato: evelyn.nakahira@gmail.com

OBJETIVO

Relatar as modalidades de canulação de Extracorporeal Membrane Oxygenation (ECMO) no suporte intra operatório de transplante pulmonar. Entre elas, a canulação híbrida.

MATERIAL E MÉTODOS

Estudo retrospectivo em único centro terciário do estado de São Paulo que é referência nacional em transplante pulmonar. Dados foram obtidos através de levantamento do banco de dados do transplante pulmonar no RedCap, sendo incluídos o período de janeiro de 2011 a janeiro de 2021.

Apresentamos a canulação híbrida, que consiste em drenagem em veia femoral e retorno sanguíneo na aorta ascendente. Em contrapartida temos a canulação central,  com drenagem em átrio direito e retorno na aorta ascendente. As canulações periférica são: veno-venosa (VV) com drenagem pela veia femoral e retorno em veia jugular interna e, veno-arterial (VA) drenagem pela veia femoral e retorno em artéria femoral.

RESULTADOS

Durante 10 anos estudados, foram 291 transplantes, desses 25 (8.6%)  utilizaram suporte de ECMO. Dos 25 casos, 15 utilizaram suporte intraoperatório. Dados epidemiológicos na tabela 1.

Foram 5 casos como ponte no pré-operatório, desses todos foram em ECMO para cirurgia. Dez casos foram programados como suporte intraoperatório. Seis foram realizados com canulação central, 4 casos em híbrida, 4 com ECMO VA periférica e 1 caso em ECMO VV.

Dos 6 casos com ECMO central, foram 5 em pós operatório em modalidade tórax aberto e canulação central. Desses 5, um  precisou de conversão em ECMO VV no 4º pós operatório, os demais foram decanulados.

Dos 4 pacientes em ECMO híbrida, todos saíram de cirurgia em ECMO. Dois saíram mantendo canulações da cirurgia e foram convertidos em ECMO periférica no 6º pós operatório e 2 foram convertidos em ECMO VV no pós-operatório imediato.

 A média de canulação foi de 7,2 dias em casos de ECMO central, já os com canulação híbrida foi de  11,2 dias.  Nos casos de transplante em suporte central, foram 23.3 dias em terapia intensiva; na híbrida foram 34 dias na média. Sobre o tempo total de internação, grupo de canulação central com média de 41,5 dias, híbrida de 52,7 dias.

Sobre a alta hospitalar com vida, foram 75% dos casos de ECMO híbrida. Nos casos com ECMO central, a taxa foi de 83,3%.

CONCLUSÃO

O suporte intraoperatório de ECMO no transplante pulmonar está bem estabelecido, apesar da baixa taxa de utilização do nosso serviço. Os pacientes que necessitam suporte intraoperatório são mais graves, com maior hipertensão arterial pulmonar, mais hipoxêmicos e estão em deterioração clínica, aumentando o risco para disfunção primária do enxerto. Para isso, optamos em casos selecionados, a canulação híbrida , permitindo ao final do procedimento, a possibilidade de transicionar para ECMO VV, com menos manipulação do paciente. Entretanto, apenas 2 dos 4 pacientes foram possíveis.

REFERÊNCIAS

1.Pola-dos-Reis F, Samano M, Abdalla LG, Carvalho GVS, Fernandes LM, Gomes-Júnior O et al . Extracorporeal Membrane Oxygenation and Lung Transplantation: Initial Experience at a Single Brazilian Center. Clinics  [Internet]. 2020  [cited  2021  Apr  28] ;  75: e1698. Available from: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-59322020000100232&lng=en.  Epub Apr 30, 2020.  https://doi.org/10.6061/clinics/2020/e1698.

2.Bermudez CA, Shiose A, Esper SA, Arlia P, Crespo MM, Pilewski JM. Outcomes of Intraoperative Venoarterial Extracorporeal Membrane Oxygenation Versus Cardiopulmonary Bypass During Lung Transplantation. Ann. Thorac. Surg. 98, 1936–1943 (2014).

3.Makdisi G, Wang IW. Extra Corporeal Membrane Oxygenation (ECMO) review of a lifesaving technology. J Thorac Dis. 2015 Jul;7(7):E166-76. doi: 10.3978/j.issn.2072-1439.2015.07.17.