Internações aumentam uso de pulmão artificial

Por Folha de S. Paulo – SP – 23/04/2021

Cresce busca de pulmão artificial usado para tratar Paulo Gustavo os Internações aumentam uso de pulmão artificial. Aparelho como o usado pelo ator Paulo Gustavo faz com que o órgão descanse enquanto o corpo combate a Covid-19.

Como funciona a ECM (oxigenação por membrana extracorpórea). Também conhecido como pulmão artificial, aparelho oxigena o sangue em pacientes com órgão comprometido gravemente.

1. Retirada do sangue. Cateter inserido na veia femoral recolhe o sangue venoso.

2. Bomba. O sangue é armazenado em um reservatório que funciona como uma bomba, mantendo seu fluxo continuo

3 Oxigenador ou pulmão artificial. O aparelho faz a função do pulmão, retirando o excesso de CO2, do sangue e adicionando oxigênio.

4. Retorno do sangue. Após passar também por um controlador de temperatura e um filtro para retirar resíduos, o sangue arterial retoma pela aorta e, em seguida, é distribuído para todo o corpo.

Era 8 de janeiro quando o professor Robert Gessner Junior, acordou no hospital. Para ele, havia se passado apenas um dia desde que fora intubado para tratar a Covid-19, em 21 de dezembro.

Mas, o cuidado excessivo dos médicos o alertou para o que só descobriria mais tarde: a doença se agravou a tal ponto que seu pulmão fora “desligado” por X dias.

Assim como o ator Paulo Gustavo, 42, Robert utilizou a ECMO (Membrana de Oxigenação Extracorpórea), espécie de pulmão artificial que oxigena o sangue fora do corpo, substituindo temporariamente o órgão comprometido de mancha severa.

A primeira coisa que pensei quando acordei foi: passei Natal e Ano Novo longe de todos, contou o professor que perdeu 32 quilos durante o tratamento. Obeso, pré-diabético e hipertenso, ele ainda guarda sequelas da doença, como dificuldades para caminhar, falta de movimento na mão esquerda e uma síndrome que provoca fraqueza muscular.

“Não reclamo de absolutamente nada, tenho esperanças de que consiga logo me recuperar para trabalhar” , disse Robert, que atribui a cura á ajuda extra da ECMO.

As diferentes cepas do coronavírus, algumas mais infecciosas e severas em pacientes jovens e sem comorbidades, têm levado ao aumento da procura pelo aparelho, que ainda continua praticamente inacessível á maioria dos doentes. O equipamento não é usado no tratamento da Covid, mas serve como suporte para que os pulmões “descansem” enquanto o organismo combate a infecção.

“É como uma hemodiálise, mas nos pulmões “, diz o médico Jarbas da Silva Motta Junior, coordenador das UTIs do Hospital Marce Lino Champagnat, em Curitiba, onde Robert foi tratado. Segundo Gustavo Calado, diretor da ELSO (Organização para Suporte Vital Extracorpóreo), instituto que regulamenta o uso e as diretrizes para a Ecmo no mundo, antes da pandemia, eram de 150 à 200 implantes por ano no Brasil, grande parte por problemas cardíacos.

Agora, a demanda já passa de 800, sendo que 85% dos procedimentos estão relacionados a Covid. Ele conta que a tecnologia existe há mais de 40 anos, mas se difundiu no auxílio ao tratamento de problemas respiratórios a partir da pandemia de H1N1, em 2009.

Também foi utilizada em vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 2013. Calado ressalta que o doente deve atender a uma série de pré-requisitos para utilizar a máquina. O primeiro é esgotar todas as alternativas para recuperar os pulmões, como ventilação mecânica.

“Em idosos com comorbidades não há indicação, pois se aumenta o sofrimento.” Outro fator que restringe o acesso é o número de centros aptos a operar o equipamento. No Brasil, são apenas 28 credenciados. A demanda também cresceu entre as fabricantes. Em maio, a Braile Biomédica se tornou a única empresa do hemisfério Sul a obter a certificação da Anvisa para fornecer ECMOs de tempo prolongado a hospitals do país.

“Existe uma demanda maior do que a oferta de produtos até porque os demais fabricantes são multinacionais que acabam focando no mercado interno, como Japão e Estados Unidos”, contou o diretor-presidente da empresa, Rafael Braile.

Desde março, a fabricante já instalou 23 equipamentos. as especificidades da ECMO levaram a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias) a barrar a cobertura da tecnologia no SUS, em 2015. O comitê se baseou em um estudo que leva em conta o valor de implantação do recurso e o retorno ao paciente. Apesar disso, o equipamento pode ser acessado nos poucos centros de referência credenciados para atender o setor público, como no Incor de São Paulo.

Braile lembra que o atual Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu o uso da ECMO pelo SUS enquanto presidia a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Atualmente, há novas discussões para ressubmissão dos escudos de economia e saúde junto á Conitec.

Segundo a Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), a Ecmo ainda muito restrita e consta no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar [ANS]. Já a ANS afirmou que, quando realizada pela via torácica e com objetivo de prestar assistência mecânica circulatória prolongada, deve haver, sim, pagamento pelos planos.

Além de facilitar o tratamento de casos graves da Covid, a ECMO permite melhor resposta a intervenções invasivas ás vezes necessárias. Foque ocorreu com Paulo Gustavo, que passou por procedimentos para corrigir problemas de coagulação. Em último boletim médico divulgado pela assessoria do ator, o estado de saúde dele ainda era considerado crítico.

A Folha consultou cinco das maiores operadoras de planos de saúde, mas todas se recusaram a oferecer dados de pedidos de liberação do moda tecnologia. A ANS informou não possuir essas informações e o Ministério da Saúde não retornou o contato. O ator Paulo Gustavo contraiu Covid e está internado em hospital no Rio de Janeiro Vittor Pollak – 3 dez.19/TV GI.

Fonte: https://www.info4.com.br/ver/exibir.html?Yw=MzMxNw&bA=Mjc3Mjk0&YQ=MzMxNw&dHBj=MA